casa da lulu

quarta-feira, dezembro 14, 2005

tive que sair do escritório às pressas, mal me agüentava em pé de tanta cólica. não sei como começou, quando me dei conta ela já estava lá, instalada. nem sei como consegui vir dirigindo.
botei os pés em casa e primeira providência: ponstan. constatação: acabou. solução: buscopan. que não fez efeito nenhum. depois de meia hora estava deitada na cama, rolando de dor, com vontade de chorar, com muito calor e muito frio tudo-ao-mesmo-tempo-agora. pedi pra minha irmã ir na farmácia aqui do lado comprar o bendito ponstan pra mim, mas eu ainda tenho que tomar banho. vou falar com o alexandre. que também ainda tinha que tomar banho. entrei no meu quarto voando, peguei a primeira roupa que me passou pela frente e ele mas é só você esperar que eu tomo banho e vou. acontece que eu tô sentindo dor a-go-ra, preciso do remédio a-go-ra, daqui a meia hora quando você acabar de tomar banho eu já vou ter morrido de tanta dor. é difícil de entender isso? porra, mas tu é grossa.
fui pra rua marchando, morrendo de dor, de raiva, com vontade de chorar, cabelo em pé (só vi quando cheguei em casa), uma cara de quem estava morrendo. tomar banho de cu é rola, pensava.
na farmárcia aqui perto de casa só tinha ponstin ou um outro trem parecido com isso. é genérico do ponstan, mais barato e tudo. cara, eu não estava pesquisando preço, fazendo pechincha, nada disso. estava hipotecando a minha alma por um único comprimidinho de ponstan. a vontade era de pegar o puto do farmacêutico pelo colarinho e berrar no ouvido dele ponstaaaaaan, entendeu? ponstaaaaaaaaan. consegui reunir forças e falar obrigada, mas eu já tomei outro remédio que não fez efeito. então só serve ponstan mesmo.
estava com tanta dor e tanta tanta vontade de chorar que o mundo era uma grande mancha preta na minha frente, fui às apalpadelas até a outra farmácia láaaaa longe e comprar o bendido do remédio. entrei no cospe grosso duas lojas depois e comprei alguma coisa pra beber, nem sei se foi um mate ou um guaravita desses da vida, e tomei o remédio.
voltei o mais rápido que pude, que só queria saber de tomar banho pra colocar a barriga embaixo de uma água pelando de tão quente.
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na hora fiquei com raiva, havia cinco pessoas em casa. depois pensei melhor. acho que a maior parte das pessoas não entendem que dor, bem, que dor dói -- quando dói nos outros. ainda mais cólica, parece frescura. minha mãe nunca teve tepeême na vida. minha irmã muito raramente tem cólica e mesmo assim é leve. então elas não têm esse parâmetro de que essa porra efetivamente dói pra caralho.
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na hora da dor, só lembrava de uma amiga da mamãe que morreu de câncer. sei que ela sentia muitas dores e os médicos ficavam dando morfina a ela no conta-gotas. porra, a mulher sentia doooooooor! muita, muita dor. se eu não agüento dor de cólica, imagina uma dor de câncer, comendo tudo por dentro. ficava passada com os médicos que não ministravam os remédios na quantidade adequada. todo mundo sabia que ela estava morrendo, poderia pelo menos ter partido sem sentir dor, com um mínimo de conforto.
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isso tudo é pr'eu aprender a ter prioridade. que eu desmarquei a homeopata porque estava totalmente enrolada com a faculdade e o escritótio. ouquei, já fui à outra consulta, já retomei os remédios mas fiquei um mês sem fazer o tratamento. eis o resultado.