casa da lulu

domingo, fevereiro 20, 2005

a história com o perna é mais ou menos assim: estudamos na mesma faculdade, só que ele era dois períodos na frente. curiosamente nos conhecemos pela internet, quando os dois já estávamos formados, há uns seis anos (como o tempo passa apressado).
foi uma época complicada, ele saía de um namoro longo, não queria compromisso. eu queria compromisso, mas tinha perdido meu chão seis meses antes, estava emocionalmente desquilibrada; resultado: eu ficava pra morrer pq ele saía comigo e mais metade do rio de janeiro; metade porque a outra metade são homens. ele achava que eu era devoradora de homens, e até hoje eu acho graça disso. nunca fui assim, não sei de onde ele tirou isso. tá, eu sei, mas vou fingir que não sei. ele não me levava à sério. eu cansei dele. brigamos perto do meu aniversário. estava triste, aline me chamou pra passar a semana do meu aniversário em são paulo, na casa dela. conheci E., voltei namorandinha e apaixonada. ele ficou bege com essa história (sei que ele vai negar, mas lembro claramente da reação dele, puto da vida). o primeiro round do namoro com E. foi rápido, coisa de dois ou três meses. voltei a sair com o 'perna', eventualmente. nunca mais o levei a sério. brigamos por causa de um cheque que eu emprestei, ele esqueceu de depositar. ele foi grosso, eu não gostei, e ficamos três anos sem saber um do outro -- com exceção da vez que ele me viu em frente ao fórum e me ligou pra contar. eu não dei bola, morreu o assunto por aí.
ironicamente, a internet nos aproximou de novo: no orkut nos (re)encontramos. estava com saudades desse doido e ele com saudades de mim. nos encontramos, apenas bons amigos -- da minha parte. que mesmo me contando que está namorando há três anos, deu em cima descaradamente, eu perguntei se ele não tinha vergonha e ele disse que não, que entre nós dois não tem disso, e ele queria, sim, ficar comigo. e desde quando ele, 32, eu 28, ficamos? resisti bravamente várias semanas. desisti de resistir, ele é carne de pescoço.
às vezes eu não quero, não rola. às vezes, ele finge não querer, faz o maior teatro. eu fico rindo por dentro, conheço aquilo tudo ali. relaxo, e ele vem.
e a dona dele? não me preocupo com ela. mas não sou hipócrata. ele já quis nos apresentar em uma situação profissional, eu vetei, dei pití, ele deu uma desculpa esfarrapada qualquer pra ela que eu não quis saber, e pronto.
nesses acasos da vida, já os vi de mãos dadoas na rua, em plena rio branco, hora do almoço. desacreditei. por que só eu passo por essas situações?
não gosto que ele fale mal dela pra mim, não me sinto nada bem e sempre a defendo. ele vem chorar suas pitangas no meu ombro, dou conselhos e eles seguem felizes, eu espero.
não fico com a consciência pesada porque eu sou livre. quem tem compromisso é ele. uma vez perguntei e ele disse que como gosta de mim, não sou mais uma na multidão, não tem porquê ter crises de consciência.
resumindo: somos amigos e, eventualmente, dormimos juntos. nada mais.
uma das meninas* me perguntou se não tenho medo de me envolver, me apaixonar de novo. não, não tenho medo de sentimento nenhum. nunca tive receio de entrar de cabeça, ser intensa. e, não, não estou apaixonada, provavelmente não vou me apaixonar. só o levo à sério como amigo. mais que isso , é impossível. nos conhecemos muito.
e só um por quê de continuarmos como estamos: podemos ser autênticos um com o outro. me mostro inteira, não tenho papas na língua, de vez em quando me pergunto como ele me agüenta. ele sabe de todos os meus defeitos e eu, dos dele. vamos combinar que ele sabe como ser irascível, ranzinza, chato pra caramba, cabeça dura e me tirar do sério. e doce, meigo, carinhoso, até mesmo romântico. e engraçado. adoro homens que me fazem rir.
não sinto vontade de abrir mão disso, não por ora. teria que ser alguém especial.
~
como o alguém que encontrei no carnaval.

* "as meninas" são as minhas amigas