casa da lulu

sexta-feira, setembro 10, 2004

A semana foi curtinha e tumultuada. Cheguei de Friburgo na terça (dã, isso vocês já sabem). Então, na quarta me arrumo pra trabalhar, desço, e... pqp, não acredito que arranharam meu carro de novo!. Pelo estrago, algum roda presa que não sabe calcular espaço pra manobra e esfregou o pára-choque do carro no meu celtinha amado. Respiro fundo. Agora não dá pra falar com o síndico, porteiro, com ninguém.
Na volta deixo recado, o síndico me liga rápido, diz que vai olhar. No dia seguinte mamãe vai caminhar com as vizinhas aqui do prédio (ela faz isso quase todo dia). Dentre as vizinhas andarilhas, a mulher do síndico, que tem uma língua que bate lá no meio das canelas. Mamãe comenta do arranhão. A linguaruda: Ah, eu vi o arranhado durante o feriado e tinha falado com L. (o síndico).
Mamãe me contou e fiquei enfurecida. Primeiro, porque ainda estava na tepeême, que mesmo leve, ainda deixa meus hormônios em ebulição. Segundo, porque quem arranhou o carro não me avisou (e ainda não sei quem foi). Terceiro, que se síndico já sabia, cáspita, deveria ter me avisado. Quarto, que se ele já sabia do arranhão, quando eu o avisei ele deveria ter dito o óbvio: que já sabia.
A sorte de todo o mundo é que mesmo de tepeême sou educada e [isto é incrível] controlada. Sorte maior ainda que só soube que o síndico já sabia depois de ter conversado com ele. (e quanto soube-sabia em poucas frases...)
De mais a mais, é como diz Thereza: merdas cagadas não voltam ao cu. E entenda isso como quiser.
Depois de dois dias, consigo falar com o síndico de novo. Vou mandar fazer o serviço em um rapaz aqui pertinho que não é careiro (além disso, eu tenho a tinta do carro -- sobra dos arranhões anteriores) e o condomínio é claro que vai me ressarcir.
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Hoje, sexta-feira, dia corrido, complicado. Compromisso às 9 da manhã em Belford Roxo. Às 10 no Bairro da Luz, em Nova Iguaçu. Carona até a rodoviária, em Nova Iguaçu. Daqui em diante, ônibus. Meio-dia em ponto no Castelo (centro do Rio). Correria maior ainda porque tinha médico às duas e meia da tarde em Caxias. Em pouco mais de uma hora, fui no ex-escritório pegar documentos com duas secretárias (que todos aqueles mais de trinta advogados são uns imprestáveis, incapazes de resolver qualquer coisa pros próprios funcionários), fui no fórum, entreguei processo, protocolizei petição, almocei correndo no Golosità [dentro do fórum mesmo que não dava tempo de ir à lugar nenhum; e isso não é uma reclamação: lá é uma delícia]. Resumindo: não fiz metade das coisas que precisava porque sou pontual e às duas e meia tinha médico em Caxias.
Menezes Cortes - ônibus - duas em meia dentro do consultório do médico em Caxias. Mamãe, que tinha consulta logo depois de mim, já estava lá e tinha levado um outro par de sandálias [pedidas via celular -- ah, a vida moderna!] -- que as que eu estava usando me esfolavam viva. Consultório lotado. Pacientes aguardando; e pessoas aguardando pra fazer perícia também. Imagina se ele -- o médico -- faria a delicadeza de marcar perícia pra outro dia. Espero, espero, espero. Quase quatro da tarde chegam dois representantes de laboratório. Não estou acreditando, mãe. Quatro horas e nada.
Fui. Vai aonde, menina? Embora, não agüento mais. Você deve ser a próxima, aguarde mais um pouco. Não, mãe. Chega. Toda vez é isso. Toda vez espero mais de duas horas. Adoro Dr. Alberto, mas se fosse pra esperar tanto eu enfrentava fila do SUS, não perdia meu tempo aqui. Me espere lá embaixo, estou de carro. Fui, mãe. Não fico aqui nem mais um segundo.
E fui camelando* por mais de vinte minutos, vendo gente, lojas, promoções, espairecendo, pegando ar. Ainda esperei o ônibus chegar (era ponto final) mais de dez minutos. Sem perder o bom humor.
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Nem preciso dizer que não volto mais lá. Depois de quase dez anos com o mesmo médico, minha paciência chegou ao fim. Me sintia desrespeitada por esperar mais de duas horas pra ser atendida toda vez que marcava consulta; e sempre chego na hora.
Problema com solução imediata: já liguei pra outro médico do celular, no meio da rua. Consulta marcada. Mais um ponto pra mim.
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E também não preciso dizer que quando cheguei em casa, mamãe já estava aqui. Há mais de meia hora. Te avisei que esse ônibus demorava... devia ter me esperado lá embaixo. Não, mãe, devia ter feito exatamente o que fiz: sair, andar, ver gente. Não me aborreço mais por causa disso.
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Tampouco preciso dizer que o médico mandou um presentinho pra mim: uma necessaire linda, linda, que uma das representantes de laboratório deixou por lá. É pra sua filha se acalmar (que claro que minha mãe falou que eu tinha levantado e ido embora; e é claro que foras duas necessaires: uma pra mim e uma pra mamãe).
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Claro que aceitei a necessaire. Já está até com coisinhas dentro, dentro da bolsa.
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É, hoje estou verborrágica. Não levem a mal.
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Tem gente que não me leva à sério. Namorados, principalmente. Vou falando que isso ou aquilo não está bem; não está legal. E vou levando. E dando um toque. E vou levando. Até que não dá mais. E chegar no meu limite pode ser rapidinho ou levar dez anos. Tanto faz. O fato é que quando chego no limite, ah, nêgo, não me leve à mal... fui.
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Nada como um dia feliz.

*andando. Que o ponto do ônibus é lá no caixa-prego, onde judas perdeu as cuecas.