casa da lulu

terça-feira, julho 20, 2004


conflitos
Às vezes tenho dificuldades em começar a contar uma história. Depois do começo, fica fácil. E está difícil começar. O ponto na verdade é: começar por onde?
Antes de tentar: escrevo o nome de algumas pessoas por aqui; outras não. A escolha é um tanto aleatória mas nem tanto assim (confuso? bem vindo, minha vida é assim). Do de outras não, só coloco as iniciais ou a inicial pelo qual a/o chamo. E geralmente quando acontece de só colocar a inicial se se tratar de alguém que em algum momento foi, digamos, íntimo de alguma forma ou o que estou contando é constrangedor e também tenho um leve [e nem tão leve assim] receio que a/o fulana/o acabe parando aqui. Nem sei ao certo porque faço isso já que alguns de meus amigos reais até sabem que tenho um blog, mas não sabem o que é um blog, nem fazem a mais pálida idéia do endereço aqui de casa (ou então me fazem de boba e leêm tudinho aqui, vai saber; mas não está na hora de tecer teria da conspiração a respeito).
Voltando a início da histporia que ainda não começou (e não gosto de posts longos, são consativos pra ler; e já sei que esse vai ficar gigante)
Meu irmão tem um amigo, o T. Nós o conhecemos desde que ele tinha uns 6 anos. T. e família se mudaram mas a amizade do meu irmão com ele (T.) e o irmão (H.) continuou. T. é divertido, tem umas histórias surreais e num [para mim] longíquo passado ficamos. Detesto ficar mas não tem outro termo, ficamos. Eu tinha 21 e ele, 17. Porque além de tudo ele é mais novo que eu. Não rolou nada demais. Só que uns dois dias depois recebi um telegrama, não lembro direito o que estava escrito; ele dizia não sei com quais palavras que tinha sido ótimo e que adoraria ter opotunidades que acontecesse o acontecido mais vezes. E assinou o telegrama com o sobrenome; e pelo que estava escrito nem dava pra ter dúvida. Quase morri; pra mim não tinha sido nada demais, embora tenha ficado ligeiramente sem graça no dia seguinte. Mas aquele sem graça de legal-ontem-mas-acabou-né? Minha prima (na verdade amiga-mais-que-irmã) estava aqui em casa no dia do fico (e ficou com o meu irmão, mas isso era normal naquela época) e o despistou pra não sacar que eu estava com T. Não por mim, mas por T., que ficou com receio dele não enteder nada. Não lembro mais detalhes do que aconteceu logo depois, só sei que T. queria namorar e eu não. Fui o mais delicada possível, embora seja sempre horrível dar e levar um não. Ainda mais quando se tem carinho, afeição, amizadade pela outra pessoa.
O tempo passou, meu irmão e T. ficaram um tempinho afastados porque Alexandre (irmão) estava noivo de uma menina que não gostava de T. e a recíproca era verdadeira. Não vou nem entrar nessa história, que é comprida e confusa e não vem ao caso. Aí Alexandre terminou o noivado, namorou outra menina, ficou noivo de novo de uma terceira, ficou sozinho, namorou outra-outra e T. esteve namorando a maior parte do tempo uma mesma menina ciumenta uma vida toda. Eu sabia dele de vez em quando e ria com as histórias da ciumenta, uma louca de pedra.
Enfim, os dois na pista, voltaram a sair juntos e T. fim de semana sim outra também dorme aqui em casa, no quarto do meu irmão.
T. sempre me chamava pra sair com eles, mas eu sentia que ele queria que rolasse alguma coisa e sempre me esquivava com umas desculpas esfarrapadas e com outras desculpas nem tão esfarrapadas assim. Manhãs de domingo o bom dia dele são beijos no meu pescoço e umas outras gracinhas do tipo quando ninguém está vendo, por ele não é burro, entendam.
Esse fim de semana eu não consegui escapar.
Sábado teve festa junina na casa de H., irmão de T.. Não fui na festa, mas arrumei T. e Alexandre, os pintei (aqueles cavanhaques e costeletas de lápis para olhos, sabe?), coloquei gravata com caixa de fósforo, chapéu de palha e dei as toalhitas com demaquilante, caso quisessem tirar os enfeites e ir pra outro lugar.
E desde sábado que só chove nessa terra. Domingo vimos Matrix Revolutions no dvd (sem links, se não nunca vou conseguir acabar de contar). Lá pelas quatro da tarde meu irmão não queria mais ficar em casa, vamos ao cinema. Que tal Homem Aranha?(sem links idem). Fomos: eu, Alexandre e T.
Ingressos comprados, fomos lanchar. Eu jantei, T. e meu irmão lancharam e beberam uns 2 chopps cada. Meu irmão foi ao banheiro, T. estava sentado na minha frente, pegou minhas mãos, ficamos conversando e eu, burra, fui dando trela (sim, meninos, dei trela. Podem me tacar pedra, que eu mereço). Só pensava, ou melhor, não pensava era na-da, mas sabia que não teria pra onde correr.
No cinema, Alexrandre e T. com mais 2 chopps cada, se revesavam pra ir ao banheiro durante o filme. E estávamos sentados no meio da fileira, nem sei como não tacaram pipoca nos dois. Numa das idas do meu irmão ao banheiro, o inevitável. E na ida seguinte a mesma coisa.
Na saída do cinema, fomos pra fila pagar o estacionamento, que ninguém tinha lembrado antes. Meu irmão foi procurar um outro guichê e ficamos T. e eu na fila. Ele me perguntou será que ele percebeu? Não sabia e não sei; não tenho problemas com isso (eu não falei isso; pensei, apenas pensei).
Aí veio a bomba: É que ele não ia entender o que sinto por você.
Fiquei atônita, olhando fixamente prum ponto no infinito, no meio do nada, rezando pro meu irmão voltar logo, pra eu ter sonhado tudo aquilo, pra eu ter bebido setecentos e noventa e seis choppes e estar tão bêbada a ponto de ter alucinações. Mas estava totalmente sóbria, totalmente acordada e não foi alucinação. Então continuei olhando pro ponto no meio do nada e pensando como assim "o que eu sinto por você", cara pálida? não sinta nada, por favor. Meu irmão voltou logo, amém, e fomos pro carro.
Eles queriam parar num barzinho, mas já eram umas onze e meia da noite e ontem (segunda) além de trabalhar, tinha audiência pra fazer. Estava no meu limite de horário.
Me deixaram em casa e entraram pra ir banheiro (lembram dos choppes?). Meu irmão saiu na frente (é eles saíram de novo) e T. foi no meu quarto falar comigo: quando voltarmos eu posso vir no teu quarto? Não. Não posso? Não, claro que não, menino. Enlouqueceu? Tá bem, mas eu volto. Espero seu irmão dormir e venho aqui Não, não e não. Venho sim. E saiu.
Enlouqueci. Fiquei nervosa, sem sber o que fazer. Não queria, sabia que não. Milhares de motivos: o menos importante, mas não tão desprezível motivo assim: meus pais estavam em casa e se um deles acordasse e fosse no meu quarto... isso nunca acontece, é verdade, mas vai saber. A lei de murphy não foi criada à toa. E com quase trinta (é, vinte e oito quase vinte e nove é quase trinta) não tem nada mais patético que um garoto que não é meu namorado, que eu não quero namorar e não quero nada, enfim, na minha cama queen no meio da noite fazendo só ele[menino] imagina o quê.
Tomei banho e pensei em ligar pra Lari, sei que ela dorme tarde e que aconselharia ao óbvio. Já tinha decidido dormir com a porta do quarto trancada, só queria a confirmação que isso não era piração da minha cabeça ou síndorme do pânico e sim o mais sensato. Mas já era mais de meia noite, eu precisava acordar cedo e não sabia se ela estava em casa ou não.
Não sei se ele tentou ir no meu quarto ou não, dormi.
Mas fiquei com bendita frase na minha cabeça. E fiz logo uma lista de prós e contras. Só enchi a dos contras, que a dos prós ficou vazia de fazer eco. Fiquei lembrando do astrólogo e o xingando baixinho.T. não. T. não, ouviu bem? T. é mais novo, amigo, íntimo e pelo listado até aqui, impossível algo mais que uns beijinho. Sexo, nem pen-sar. Não dá. Seria quase um incesto. É mais novo, baixinho, braquinho (listei tu-do, avisei. Até essas coisas não-importantes e solenemente ignoradas quando estou interessada/apaixonada). E tão grave quanto o incesto, T. não sabe o que quer da vida. Não faz nem fez faculdade, não tem planos pro futuro, nada. Não tenho mais estrutra pra alguém assim. Cansei. Agora quero um homem HOMEM.
E ontem fui no escritário da Lari, conversei com ela, e ela concordou com minhas ponderações. Depois que cheguei ligauei pra The. Não falava com ela há mais de uma semana, soube das novidades, contei o que aconteceu e ela acha que estou histérica; à toa. Até parece que você está escolhendo marido. Relaxa, Lu.
Ah, sim. Ontem saí pra trabalhar logo cedo, de fininho. Hoje ligou uma prima de T. pra cá procurando por ele. Meu irmão disse que ontem T. foi pra casa da tia e depois ia pra casa da Shirley, Sheila ou sei lá o nome da menina quase-namorada ou coisa que o valha. Aí desencanei de vez.
Aí lembrei do astrólogo de novo, você vai achar que é um e provavlemtne vai ser outro.
E ainda não sei ao certo porque contei tudo isso aqui, com tantos detalhes.